O grupo de mídia sul-africano Naspers anunciou ontem a aquisição de 91% das ações da companhia de comércio eletrônico Buscapé, por US$ 342 milhões. A companhia – que, no País, tem participações na Editora Abril (30%)e na empresa de tecnologia Compera nTime – comprou a fatia do fundo Great Hill Partners, então sócio majoritário do Buscapé, e de cinco dos nove sócios minoritários. Três dos fundadores do site, além do criador do Bondfaro, concorrente adquirida há três anos, permanecem como sócios e executivos do negócio por um prazo de cinco anos.

Em comunicado, a Naspers informou que a aquisição será financiada com recursos próprios e que a equipe administrativa do Buscapé será mantida. Além do site de comparação de preços, o grupo nacional tem outras quatro marcas, como a rede de classificados QueBarato! e a consultoria do setor eletrônico e-bit. Suas receitas vêm de publicidade, venda de plataformas de comércio eletrônico e ferramentas de busca utilizadas em mais de cem portais e websites, como Americanas, Microsoft, Globo e Abril, e mais de 320 mil lojas físicas e virtuais.

Para a Naspers, que tem feito aquisições em mercados emergentes, o negócio será uma forma de avançar na área de comércio eletrônico na América Latina, onde, avalia a empresa, a penetração da internet ainda é baixa.”A Buscapé nos dá operações em rápido crescimento, em linha com nosso foco em e-commerce e com atuação nos mercados mais importantes da região”, afirmou o diretor de Internet da Naspers, Antonie Roux.

O grupo sul-africano, que tem negócios em mídia impressa e eletrônica, comprou recentemente operações de comércio eletrônico no Leste Europeu. Também atua na China, Rússia, Índia e África subsaariana. Hein Brand, presidente da Naspers para a América Latina, comentou que “após os investimentos na Abril e na Compera nTime, a Naspers desenvolveu um bom entendimento do crescente mercado brasileiro. O BuscaPé é um dos poucos grupos estabelecidos nesta indústria, e pode crescer ainda mais”, informou o executivo, em comunicado.

O presidente e um dos fundadores do Buscapé, Romero Rodrigues, afirmou que a aproximação entre as empresas começou há dois anos. Segundo ele, a marca continuará a existir e a empresa não será incorporada por outra do grupo Naspers. “Estamos estudando sinergias com outras empresas do grupo que fazem a mesma coisa.”

Criada há dez anos por estudantes da Universidade de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas, a companhia começou com 35 lojas cadastradas e 55 mil visitas ao mês. Este ano, o grupo deve fechar com 600 mil lojas cadastradas e 62 milhões de usuários.

A empresa não revela o faturamento. Em 2006, após a fusão com o Bondfaro, as receitas anuais eram de cerca de R$ 30 milhões. A companhia tem operações em 28 países da América Latina.

Segundo dados da consultoria e-bit, que também pertence ao grupo Buscapé, o comércio eletrônico brasileiro movimentou R$ 3,8 bilhões no primeiro semestre. No terceiro trimestre, o crescimento em relação ao ano passado foi de 30%.

Renato Cruz