Com o advento da morte de um dos maiores astros da música pop do século XX, o mundo ainda está absolutamente impactado e muitas perguntas têm vindo a mente de milhões de pessoas em todo o planeta.

Como pode um homem tão jovem, tão poderoso e tão famoso, ter tantos problemas pessoais e familiares e acabar sendo tragado pelas próprias loucuras pessoais que o acabaram vitimando tão prematuramente no auge de sua carreira e as vésperas de grandes shows europeus?

O fato é que o Homem e o Mito são duas figuras distintas, com corpo, alma e espírito. Enquanto o mito, a celebridade, é algo criado pela alma e está no espírito ideal, não tem falhas, é imortal, perene e representa o sonho de toda a humanidade. O outro ser humano tem falhas, doenças, finitude e todos os sentimentos próprios do corpo e da alma.

Como Pelé, Lady Dy, Elvis Presley, Janis Joplin e tantos outros ídolos, eles estão divididos numa verdadeira dicotomia e o próprio Edson Arantes costuma se referir ao Pelé como uma terceira pessoa e acaba sendo verdade, porque o ídolo, o mito Pelé, é o ideal do futebolista impecável, imortal, perene, que não falha, mas o Edson nega paternidade, tem erros próprios do ser humano e toda a sua finitude.

Michael Jackson como pessoa tem falhas, pecados, idiossincrasias, taras, e tem mais tristezas do que alegrias, porque o lado pecaminoso da alma e do corpo fala muito alto, mas, o mito Michael é idolatrado pelas pessoas, é admirado, e todos querem o ideal do cantor, do performer, do bailarino que quer ser atingido por todos, porque o mito não peca, não erra, não tem falhas e nem fraquezas humanas. O mito se pereniza pelos tempos afora e o Ser Humano falha, fica doente, morre e frustra as pessoas e a si próprio.

A dicotomia Mito e Ser Humano explica porque tantos bilionários que são o ideal da riqueza se suicidam e porque o Ser Humano não comporta tantas falhas, mancadas e frustrações e o ideal do bilionário é perene.

Hércules Góes