Com aprovação em queda, presidente visitará Estados pobres

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Barack Obama embarcou ontem no que seu rival Mitt Romney chamou de “Magical Misery Tour”, trocadilho entre o cenário econômico dos EUA e o álbum dos Beatles.
Até quinta, o presidente visitará três Estados onde a crise é grave, em viagem com cara de campanha. A turnê -oficialmente para “ouvir do americano comum como a política econômica afeta sua vida” em Minnesota, Iowa e Illinois- foi criticada por analistas de todo o espectro político.
“Pare de fazer campanha por 90 dias e foque sua energia na economia”, disse David Gergen, analista moderado da CNN e professor de liderança política em Harvard. “Fazer isso mais de um ano antes da eleição solapa a autoridade presidencial.” Obama, cuja popularidade atingiu na semana passada seu pior ponto (39% pelo Gallup), incorporou em seu discurso ontem promessas e frases sobre o que o levou a “ser candidato em 2008”.
Além disso, as viagens são amplamente divulgadas no site da Casa Branca e no Twitter do governo.
Falando em Cannon Falls, Minnesota, ele voltou a criticar a oposição, a descolar-se dos “políticos em Washington” e a defender mais empregos -prioridade de 70% do eleitorado, segundo pesquisas, e razão da queda da confiança na economia.
O tom seguiu a linha agressiva da última semana.
“Sei que vocês estão frustrados, eu também estou”, discursou. “[Os ex-presidentes] Ronald Reagan, George Bush sabiam que precisávamos de uma abordagem equilibrada para o Orçamento”, afirmou, aludindo à negativa republicana de elevar impostos para conter o deficit. A virada retórica coincide com o acirramento da corrida pela candidatura republicana após a entrada do governador texano Rick Perry e a ascensão da deputada ultradireitista Michele Bachmann.
A deterioração da economia e o impasse político pesam nos prospectos de Obama. Ontem, o braço analítico da agência Moody’s revisou de 3,5% para 2% sua projeção do PIB para a taxa anualizada deste semestre.
Também ontem, o Tesouro anunciou que os estrangeiros se desfizeram de US$ 11,5 bilhões nos EUA em junho, antes da piora da crise -é a primeira vez que as vendas predominam desde 2009.
Analistas apontam que esse capital ruma para emergentes como o Brasil, pressionando câmbio e inflação.

fonte: Folha de Sp