As commodities agrícolas trarão uma renda de R$ 7 bilhões para o oeste da Bahia nesta safra. O resultado será um empurrão nos mercados de automóveis, construção civil, restaurantes, faculdades, hotéis, médicos e dentistas, entre outros serviços.
Os produtores plantam 1,9 milhão de hectares, mas ainda têm outros 2,7 milhões para serem conquistados.
Destacam-se soja, milho e algodão, que encontra lá uma das melhores regiões para sua produção. A área, recém-ocupada por pioneiros e que ainda desperta a atenção do setor agrícola, deverá gerar 6,2 milhões de toneladas de grãos em 2011.
Quem vislumbrou o futuro dessa região e foi para lá lutar pela produção está sendo recompensado.
Em 1987, pagavam-se 4 sacas de soja por hectare. Em 1998, o valor foi para 15 sacas. Hoje, são 400 sacas, ou R$ 16 mil por hectare.
Usando irrigação (85 mil hectares são irrigados), consegue-se fazer três safras sequenciais no mesmo ano, por exemplo, soja, milho e feijão.
Americanos, europeus e canadenses conseguem uma. Por isso, foram para lá.
A região tem cerca de 9,1 milhões de hectares de bioma cerrado, sendo 1,9 milhão de reserva legal e 1,7 milhão de áreas de preservação permanente. Restam 5,5 milhões para a agricultura e, desses, 4,6 milhões têm pluviosidade boa (acima de 1.200 mm).
O avanço da agricultura na região se deve a ações coletivas e vem de associações fortes. Pelo menos 90% dos 1.400 produtores da região são incorporados à Aiba (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia).
A associação atua com comunicação e marketing, ações de sustentabilidade, institucionais e de serviços aos associados. Vem implementando regras interessantes de apenas uma reeleição e democratização das posições, frequentando fóruns nacionais e internacionais em defesa da produção.
O problema, no entanto, são os desafios nacionais para o avanço da produção. Entre eles estão a gestão pública deficiente, as anacrônicas legislações trabalhista, ambiental e tributária, os custos logísticos, as telecomunicações precárias (internet e telefonia), a energia oscilante e cara, a escassez de recursos humanos e os vícios trabalhistas, com gente pendurada em seguro-desemprego e Bolsa Família.
A região é uma esperança de produção para o país. Nela, o setor privado atropelou o Estado. Este, em vez de ser um ente planejador e desenvolvimentista, vem a reboque, pendurado e, muitas vezes, não bastando, jogando areia na engrenagem.
A expectativa é que, após os R$ 7 bilhões injetados na economia por empreendedores privados, venham outros R$ 10 bilhões e, depois, outros R$ 15 bilhões…

MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento na FEA/USP (Campus Ribeirão Preto) e coordenador científico do Markestrat.

fonte: Folha de SP