O trem-bala Campinas-São Paulo-Rio deverá custar R$ 34,626 bilhões. O valor consta de estudo divulgado ontem pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O valor é 57,4% superior à previsão inicial do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de US$ 11 bilhões. Anteriormente, o próprio governo chegou a reavaliar esse investimento inicial do PAC para algo na casa dos US$ 15 bilhões (ou R$ 30 bilhões). A passagem deve custar entre R$ 150 e R$ 225 (dependendo do horário) na classe econômica; e entre R$ 250 e R$ 325, na executiva.

O diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo, disse ontem que o que faz os custos do trem-bala serem tão elevados são principalmente fatores relacionados ao trajeto. “É o fato de ter muito túnel e a subida da Serra das Araras. Nesse trajeto, ele tem condições especiais, que levam ao custo mais alto do que se o terreno fosse plano”, disse. Com relação à diferença entre a estimativa mais recente e a que consta do PAC, Figueiredo disse que, “quando se fez o PAC, não havia projeto ou estudos de traçados”. “Só o que se fez foi estimativa preliminar.”

Só as obras civis custarão R$ 24,58 bilhões, ou 71% do total. As desapropriações e medidas socioambientais que terão de ser tomadas por conta da obra responderão por 11,3% dos custos, ou R$ 3,894 bilhões. A aquisição dos sistemas e equipamentos representará R$ 3,409 bilhões (9,8%) e a compra dos trens, R$ 2,739 bilhões ou 7,9%.

O diretor, entretanto, ressaltou que, apesar do alto custo, o projeto é viável. Segundo ele, é preciso agora analisar qual será o suporte que terá de ser dado pelo Estado. O governo já vem admitindo, há tempos, que o projeto do trem-bala não deverá ser feito apenas com recursos privados. Segundo ele, em cerca de dez dias será completada a avaliação econômica e financeira do projeto.

O estudo divulgado pela ANTT mostra que, se o trem-bala já existisse em 2008, ele absorveria cerca da metade do fluxo de passageiros que faz o trajeto Rio-São Paulo. Segundo o estudo, em 2008, 7,3 milhões de pessoas fizeram a viagem entre as duas cidades. Deste total, 3,5 milhões teriam usado o trem-bala, de acordo com o levantamento, e 2,3 milhões teriam feito o percurso de avião. Ainda com base nessa projeção, o restante teria feito a viagem em automóveis ou ônibus.

O trabalho calcula ainda que, em seu primeiro ano de funcionamento – 2014 (por ocasião da Copa do Mundo) -, o trem-bala deverá ter uma receita total de R$ 2,3 bilhões, incluindo os serviços expressos de São Paulo ao Rio e do Rio a Campinas e os regionais – como, por exemplo, do Rio a São José dos Campos ou de Volta Redonda a Campinas. Em 2024, a receita anual estimada pularia para R$ 3,5 bilhões e, em 2044, para R$ 5,7 bilhões.

O documento também estima que o serviço começaria, em 2014, com 42 trens operando, sendo que 14 fariam viagens expressas. Nos horários de pico, ou seja, no início da manhã e no fim da tarde, os serviços expressos contariam com três trens por hora em cada direção. Com isso, o intervalo de saída entre uma composição e outra seria de 20 minutos. Fora do pico, esse intervalo aumentaria para 40 minutos.

Custos – Obras civis: R$ 24,58 bilhões; desapropriação e medidas socioambientais: R$ 3,89 bilhões; sistemas e equipamentos: R$ 3,4 bilhões; trem: R$ 2,73 bilhões. Total: R$ 34,62 bilhões.

Estado de São Paulo